A era do Fast-food
17/02/2010 09:00Arthur Henrique
Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem. E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: “Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas”. É um mundo em que o luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam um espaço exorbitante, de modo com que dominassem nossos julgamentos.
Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas. Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos. Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionantes por serem belos, caros e novos. Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife. Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde. Acordamos muito cansados, lemos pouco, assistimos TV demais e raramente agüentamos nossa própria companhia. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver, adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Aprendemos a nos apressar e não a esperar. Estamos na era do “fast-food” e da digestão lenta, do homem grande, de caráter pequeno. Essa é a era dos dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas “mágicas”. Enfim, sabemos que todas essas coisas são efêmeras, passageiras nessa vida. As situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam. Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem... É a dinâmica da vida.